A combinação que amplia o beneficiamento do camarão cearense
Indústrias novas e tradicionais usam tecnologia, infraestrutura, parcerias e outras estratégias para ajudarem a carcinicultura no Ceará
06 de setembro de 2024
O arranjo produtivo cearense não seria o mesmo se não houvesse investimentos contínuos em infraestrutura, tecnologia e parcerias estratégicas para o beneficiamento e distribuição do crustáceo em território nacional. Apesar de não serem muitas, as unidades fabris locais refletem a combinação de tradição e inovação e tem garantido o destaque alcançado pelo Estado na carcinicultura – leia a Parte 01 da matéria de nossa edição #54 clicando aqui e a Parte 02 clicando aqui.
Mais nova entrante no segmento, a Marchef Pescados nasceu há menos de um ano como resultado da combinação estratégica de expertise em indústria e comercialização de quatro sócios. A empresa é um desdobramento estratégico da Camarões do Brasil, consultoria longeva no setor. “Com a Camarões do Brasil, já estávamos há 15 anos no mercado comercializando produtos de camarão de diversos produtores do Nordeste, especialmente do Rio Grande do Norte e Ceará”, explica Charles Mendonça, diretor de operações e um dos sócios. Ele conta que a decisão de criar a empresa foi motivada pela necessidade de maior autonomia e capacidade produtiva para atender à crescente demanda.
Por outro lado, a Cajucoco, localizada em Itarema (CE), apesar de ter sua própria fazenda, se consolidou no beneficiamento de camarão no Estado com outra fórmula: a terceirização de clientes de todo o Brasil. A empresa iniciou suas atividades industriais em 2004, enquanto a fazenda de camarão começou a operar em 1998, no município de Acaraú (CE). "A indústria nasceu da necessidade da fazenda, pois tínhamos produção, mercado de exportação com parceiros, mas enfrentávamos dificuldades para conseguir espaço e serviços que atendessem às nossas necessidades", explica Isaac Menezes, gerente industrial da Cajucoco.
Atualmente, sua planta fabril ocupa uma área de 3 hectares, com 2,2 hectares de área construída. A ampliação constante da infraestrutura foi necessária para atender às demandas crescentes do mercado. "Recebemos, em média, 450 toneladas de camarão por mês, sendo que apenas 10% dessa produção vem da nossa fazenda", detalha Menezes.
“Uma nova marca para um novo tempo”
A Marchef Pescados já iniciou as atividades com duas unidades industriais: uma no Ceará, focada em camarões, e outra em Santa Catarina, dedicada a outros itens de valor agregado - há ainda a Marchef Comercial, que comercializa produtos não fabricados nas duas indústrias. A escolha da unidade no Ceará não foi à toa. “Tivemos nossa base no Rio Grande do Norte e no Ceará por 15 anos. Mudamos do município de Aracati para Itarema para começar uma nova história. Como diz nosso slogan: uma nova marca para um novo tempo”, conta Charles Mendonça.
A Marchef assumiu a operação de uma unidade fabril que havia sido desativada em 2023. Após um ano parada, passou por reformas significativas, especialmente nos setores de congelamento e armazenagem. “Nossa meta é alcançar uma produção de 300 a 400 toneladas por mês entre camarão e peixe. Estamos projetando chegar a 350 toneladas de camarão por mês até o final do ano”, afirma Mendonça, que ainda informa que a produção inicial já alcançou 50% dessa meta, com expectativa de crescimento constante. O diretor de operações ainda destaca que um dos diferenciais da empresa é a valorização, a motivação e o bem-estar dos colaboradores, sobretudo porque a escassez de mão de obra é um dos problemas da região. “Nosso maior patrimônio é a mão de obra. Por isso, implementamos um sistema de bonificação por metas atingidas que incentiva a produtividade e melhora o ambiente de trabalho.”
Na Cajucoco, o gerente geral Isaac Menezes conta que a informalidade em algumas etapas da cadeia e a escassez de mão de obra também são sentidas. Por isso, há um grande investimento em automação. "Estamos implantando uma linha com três máquinas chinesas e seis máquinas americanas, substituindo a necessidade de 40 colaboradores", revela.
Aposta no nacional
Inicialmente focada na exportação, a Cajucoco passou a se concentrar no mercado nacional após 2008, devido à valorização do real e às dificuldades com enfermidades nos camarões. "Hoje, 100% da nossa produção é destinada ao mercado nacional. Porém, temos planos de voltar a exportar, buscando competitividade frente a países como o Equador", explica Isaac Menezes. Neste cenário de perspectivas, ele ainda vê um futuro promissor para o camarão na dieta dos brasileiros. “Antes, você tinha o costume de consumir camarão somente em casamento ou aniversário porque era caro. Hoje, isso mudou bastante”, finaliza Menezes.
Com um planejamento ambicioso para os próximos anos, a Marchef Pescados também sonha alto e visa triplicar sua capacidade produtiva, alcançando 1.000 toneladas por mês em sua unidade no Ceará até 2029. “Queremos inovar continuamente, trazendo novos produtos e soluções para o mercado. Nosso objetivo é consolidar a Marchef como uma referência em soluções de pescado no Brasil”, conclui Charles Mendonça.
Essa matéria é o Texto 3 da série "Ceará, o líder absoluto na carcinicultura brasileira" e integra a matéria de capa da Seafood Brasil #54. Clique aqui e leia na íntegra.
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Créditos imagem: Seafood Brasil
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