Mapa avança em IA: impacto regulatório e mudanças no setor alimentício
Indústria

Mapa avança em IA: impacto regulatório e mudanças no setor alimentício

Guia de IA e novo programa de análise de impacto mostram um ministério mais digital, técnico e exigente na relação com o setor produtivo

Lex Experts (Sarah de Oliveira e Gustavo Faria) - 11 de dezembro de 2025

arroba publicidade
Este é o Minuto Regulatório da Lex Experts, que reforça compromisso  da empresa em descomplicar o universo regulatório do pescado em informações práticas e relevantes para o seu negócio


Nos últimos meses, o Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa)deu dois passos importantes na forma de produzir e aplicar normas: publicou um Guia de Uso de IA Generativa para seus servidores e instituiu o Programa de Análise de Impacto Regulatório (PAIR).


À primeira vista, os temas podem parecer distantes da rotina de indústrias de alimentos ou pescado. Mas, na prática, eles mostram como o governo está se reorganizando internamente — e qual tipo de relação pretende fortalecer com o setor regulado nos próximos anos.
 

IA generativa entra oficialmente na rotina do MAPA

O primeiro movimento é a publicação da Portaria que institui o Guia de Uso de IA Generativa no Ministério. O documento define como servidores podem – e não podem – utilizar ferramentas baseadas em modelos avançados de linguagem e geração de conteúdo.

Sendo assim, o ponto central é claro: a IA pode apoiar o trabalho, mas não substitui a análise técnica ou jurídica.

Mesmo que pareceres, notas técnicas ou relatórios sejam elaborados com auxílio de IA, a responsabilidade pelo conteúdo permanece integralmente com o agente público que assina o documento.

O Guia também reforça a diferença entre o uso experimental ou de apoio e a delegação de decisões que afetam empresas, produtos e mercados. Ou seja, habilitação de plantas, avaliação de risco, enquadramento de produtos ou ações de fiscalização não podem depender exclusivamente de respostas automatizadas.
 

Dados sensíveis e plataformas externas

Outro eixo do Guia é a proteção de dados. O Mapa proíbe o uso de credenciais institucionais para criar contas em plataformas externas de IA e limita o tipo de informação que pode ser enviado a essas ferramentas.

Em resumo, o objetivo é reduzir riscos de vazamento, uso indevido de dados e exposição desnecessária de informações que podem comprometer investigações, auditorias internacionais, negociações sanitárias e processos de fiscalização.
 

Um recado indireto para o setor privado

Embora o Guia seja voltado ao Mapa, ele emite um recado claro ao setor produtivo: usar IA é praticamente inevitável — mas não em um ambiente sem regras.

Para empresas de alimentos, agroindústrias e indústria do pescado, surgem três tendências:

--> IA como apoio, não como oráculo: ferramentas podem auxiliar na interpretação de normas, organização de informações e elaboração de documentos, mas a decisão final continua sendo humana.

--> Expectativa de governança: à medida que o setor público cria políticas internas de IA, cresce a expectativa de que grandes empresas, cooperativas e consultorias também estabeleçam regras de uso, proteção de dados e revisão de conteúdo.

--> Maior rastreabilidade de decisões: se o Mapa monitora como seus servidores utilizam IA, é natural que espere transparência semelhante em estudos, relatórios e análises enviados pelo setor privado.
 

PAIR: antes da norma, vem a análise de impacto

O segundo movimento é a criação do Programa de Análise de Impacto Regulatório (PAIR), que organiza internamente o processo de Análise de Impacto Regulatório (AIR) conforme diretrizes da OCDE.

Em síntese, isso significa que, antes de editar, alterar ou revogar normas que afetem agentes econômicos, o MAPA deverá:

--> Definir o problema regulatório
--> Mapear quem será afetado e o contexto econômico, sanitário, ambiental e social
--> Listar alternativas de ação, incluindo a não intervenção
--> Avaliar custos, riscos e benefícios de cada alternativa
--> Indicar como a sociedade foi ou será consultada

Sendo assim, em situações de urgência, baixo impacto ou normas apenas administrativas, a AIR poderá ser dispensada — mediante justificativa formal.
 

Mais método, mais justificativa, mais participação

O PAIR cria comitês internos em cada Secretaria para revisar análises, padronizar metodologias e apoiar as áreas técnicas. A tendência é que futuras normas — inclusive sobre produtos de origem animal, programas de autocontrole, exportação e requisitos para plantas — cheguem ao setor com:

--> Explicitação mais clara do problema regulatório
--> Justificativas detalhadas para as exigências escolhidas
--> Maior transparência sobre custos de adequação e impactos esperados

Em outras palavras, para o setor regulado, isso tem dois lados:

1- De um lado, facilita a compreensão do racional por trás das normas;
2- De outro, eleva o nível esperado de participação em consultas públicas – ou seja, contribuições genéricas tendem a perder peso.

 

E o que tudo isso tem a ver com o pescado?

Diante desse novo cenário, algumas estratégias tornam-se ainda mais relevantes para o setor de alimentos e pescado:

==> Ter clareza dos próprios riscos e custos

Conhecer o processo produtivo, gargalos logísticos e custos reais de adequação regulatória ajuda a qualificar a participação em consultas e diálogos com o MAPA.

==> Organizar dados internos

Registros de recalls, autuações, auditorias e desempenho de programas de autocontrole servem como evidências em processos regulatórios.

==> Desenvolver política interna de IA

Antes mesmo de uma obrigação formal, empresas que estabelecem regras de uso de IA reduzem riscos jurídicos, operacionais e de imagem.

==> Aproximar linguagem técnica e regulatória

Ferramentas como a AIR exigem que o setor traduza a realidade operacional em termos como “problema regulatório”, “alternativas”, “custos”, “benefícios” e “gestão de risco”.
 

O olhar da LEX

Na LEX, acompanhamos esses movimentos para entender não apenas o que está nas Portarias e normas, mas como tudo isso se conecta com a rotina de quem produz, transforma e comercializa pescado e outros alimentos.

O desafio permanece o mesmo: transformar mudanças regulatórias em decisões técnicas sólidas, processos bem estruturados e produtos que cheguem ao consumidor com segurança, legalidade e competitividade.

E foi justamente para isso que criamos a LEX.

Fale com a LEX Experts em:


Telefone/WhatsApp
+55 (47) 98856-2714

Site
Clique aqui

Instagram
Clique aqui

Linkedin
Clique aqui

E-mail
Clique aqui

 

Créditos imagem: Seafood Brasil 

AIR, Análise de Impacto Regulatório, Guia de Uso de IA Generativa, IA, Inteligência Artificial, Lex Experts, Mapa, PAIR, Programa de Análise de Impacto Regulatório

Sobre Lex Experts (Sarah de Oliveira e Gustavo Faria)
 
  • Sarah de Oliveira e Gustavo Faria são médicos-veterinários com ampla trajetórias na cadeia do pescado. -- -- Sarah de Oliveira é doutora em Aquicultura, mestre em Ciência de Alimentos e especializada em Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal. Com 15 anos de experiência, construiu carreira nas áreas de segurança dos alimentos, garantia da qualidade e conformidade regulatória no processamento de pescado. Atua estrategicamente com comunidades de pesca artesanal, promovendo inclusão produtiva, inovação e o fortalecimento de cadeias de valor sustentáveis. Atualmente, é Diretora Executiva na Lex Experts. -- -- Gustavo Faria é doutorando em Ciência de Alimentos e mestre em Aquicultura. Com mais de 20 anos de experiência na indústria do pescado, ocupou cargos como gerente técnico, gerente de qualidade e gerente de compras estratégicas de matérias-primas, liderando projetos de alto impacto por 16 anos. Seu trabalho integra conhecimento técnico, visão de mercado e gestão estratégica para impulsionar resultados sustentáveis no setor. Atualmente, é Diretor Técnico na Lex Experts.
 
publicidade 980x90 bares
 

Notícias do Pescado

 

 

 
SeafoodBrasil 2019(c) todos os direitos reservados. Desenvolvido por BR3