União Europeia: A realidade do potencial do pescado brasileiro
Embargo europeu às importações de pescado brasileiro entra no seu sexto ano
Wilson Santos - 28 de fevereiro de 2023
Em vigência desde janeiro de 2018, o embargo europeu às importações de pescados brasileiro entra no seu sexto ano com muitas expectativas, impactos, discussões, reuniões, promessas e nada de concreto para retorno à normalidade comercial. Continua uma mão única.
Em 2022, a União Europeia exportou para o Brasil US$ 81 milhões, com Portugal participando em 95% e Espanha 4% destas exportações.
Com relação às espécies importadas: 79% são de pescados secos tipo bacalhau em suas diversas espécies e 11% de cação azul em suas formas de tubo, postas ou filé que lideram o comércio.
Então, para realizar uma projeção do potencial dos recursos brasileiros no mercado da União Europeia, precisamos retornar aos anos de 2015 a 2017, último período em que tivemos livre acesso a este mercado.
Considerando Cap 03 - Peixes , Crustáceos , Moluscos e outros invertebrados aquáticos
Participação do mercado da União Europeia nas exportações Brasileiras - US$
Em 2017, o Brasil exportou US$ 22.8 milhões e importou US$91 milhões, resultando em um déficit brasileiro na ordem de US$ 68 milhões.
Analisando um histórico mais distante, observa-se que o Brasil já teve superávit até o ano de 2008 e chegou a exportar em 2005 um total de US$ 207 milhões.
Considerando a média nestes três anos (2015 a 2017), a participação deste mercado no total das exportações brasileiras foi de 12,5%.
Considerando o potencial de 12,5% sobre as exportações brasileiras de 2022 (Cap 03) que foram de US$ 350 milhões, chega-se a um potencial de US$ 44 milhões a serem exportados ao mercado da União Europeia na atualidade.
Principais recursos exportados pelo Brasil para União Europeia:
Estes recursos representaram cerca de 85% do total das exportações
O último ano de superávit brasileiro foi em 2008 e neste ano o recurso chefe nas exportações foi o camarão. Em 2008, foram exportados US$ 50 milhões e chegou ao ápice em 2005 com US$ 167 milhões. Desta forma, ao analisar o passado, o recurso camarão tem grande potencial nesta região.
A captura atual do skipjack (20 mil toneladas) está no mesmo nível do período 2015-2017, mas já atingiu e tem potencial para retornar patamares acima das 30.000 toneladas. Recurso da região Sul e Sudeste.
Outra espécie de atum com potencial no mercado europeu é o yellowfin, com capturas concentradas na região nordeste.
Exportação para União Europeia por Estado brasileiro:
O Rio Grande do Sul, por exemplo, foi o que mais sofreu com o bloqueio das exportações para a Europa. Em 2017, representaram cerca de 45% do total das exportações de pescado realizadas pelo Estado. O skipjack exportado pelo Brasil era quase que exclusivamente realizado por este Estado.
Com relação a recursos com origem na aquicultura, não tem como realizar comparativo em função do forte salto de produção e competitividade brasileiro ter sido recente. Entretanto, o consumo aparente de pescado na União Europeia, em 2021, foi de 23,28 Kg per capita sendo 16,79 kg de recurso selvagem e 6,49 kg da aquicultura, representando apenas 28% do consumo total.
Dentro da aquicultura, os recursos mais consumidos são salmonídeos (salmão-trutas) e o mexilhão.
Os desafios para participar deste importante mercado de quase 450 milhões de consumidores consumindo cerca de 10,4 milhões de toneladas são grandes. O Brasil precisa conhecer o mercado e ter produtos competitivos para ocupar algum destaque, caso contrário estará presente em pequenos nichos pouco significativos com foco apenas em países como Portugal e Espanha.
Créditos: Canva
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Sobre Wilson Santos
- Engenheiro Industrial Químico e Diretor Industrial da Coqueiro- Quaker por 25 anos. Atualmente na área de consultoria com empresa WS Consultoria. wsconsul58@gmail.com