FAO lança ferramenta para aquicultura focado em mudanças climáticas
Aqua-Adapt propõe metodologia em seis etapas para apoiar governos, produtores e pesquisadores na criação de estratégias resilientes
05 de setembro de 2025
Com o objetivo de apoiar o setor da aquicultura na criação de estratégias mais resilientes contra os desafios impostos pelas mudanças climáticas, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou o Aqua-Adapt, uma ferramenta que tem o objetivo de orientar governos, produtores, pesquisadores e demais atores da cadeia produtiva na adaptação da aquicultura aos riscos climáticos. Em resumo, o material completo está disponível para download gratuito e oferece um guia estruturado para transformar diagnósticos em planos de ação.
Segundo Fernanda Sampaio, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e uma das coordenadoras da publicação, o Aqua-Adapt resume um processo aplicável em diferentes escalas — da fazenda ao nível nacional. “A ferramenta ajuda a identificar riscos, avaliar vulnerabilidades e planejar ações eficazes para fortalecer a resiliência da aquicultura”, explica. “Embora a vulnerabilidade do setor às mudanças climáticas seja amplamente reconhecida, ainda faltam metodologias práticas que orientem produtores, gestores e formuladores de políticas na criação de soluções concretas”, completa Sampaio.
Estrutura em seis etapas
Baseado nas diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o Aqua-Adapt propõe uma metodologia dividida em seis partes principais:
1. Definir a unidade de adaptação: pode ser uma fazenda, espécie ou região, sempre considerando o contexto socioecológico.
2. Selecionar projeções climáticas: escolher modelos e cenários que sirvam como base para o planejamento.
3. Avaliar riscos e vulnerabilidades: identificar perigos, níveis de exposição e capacidade adaptativa.
4. Elaborar o plano de adaptação: definir ações de curto, médio e longo prazo, considerando custos, viabilidade técnica e riscos de má adaptação.
5. Implementar a estratégia: executar o plano com a participação de todos os envolvidos.
6. Monitorar e ajustar continuamente: revisar as ações com base nos resultados e em novas informações.
Ainda de acordo com Doris Soto, pesquisadora da Universidade de Concepción, no Chile, o grande diferencial do Aqua-Adapt é integrar ciência e prática em um processo participativo. “A ferramenta envolve desde produtores até gestores públicos, permitindo alinhar estratégias e promover a resiliência climática do setor”, afirma.
Ferramenta testada em casos reais
O documento foi desenvolvido em parceria com o Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Aquicultura (INCAR), no Chile, e contou com a colaboração de uma rede global de especialistas. A versão preliminar passou por revisão internacional e foi testada em dois estudos de caso no Chile: a criação de salmão e a produção de mexilhão. Em resumo, essas experiências contribuíram para refinar o modelo metodológico, garantindo sua aplicabilidade em diferentes contextos produtivos.
Apoio a políticas e investimentos
O material final está organizado em três capítulos:
1- Uma revisão dos principais desafios climáticos para a aquicultura;
2- A descrição do processo de desenvolvimento e aplicação do Aqua-Adapt;
3- E os resultados obtidos nos testes realizados no Chile.
Além disso, inclui um anexo resumido para consulta rápida por técnicos, produtores e gestores. Para a FAO, a ferramenta também pode servir como base para políticas públicas e decisões de investimento, já que estrutura o processo de adaptação de maneira sistemática e comparável entre países.
Créditos imagens: Seafood Brasil
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