Tarifa de 50% dos EUA coloca exportação de pescado do Brasil em risco
Presidente da Abipesca afirma que medida é “grave” para o setor e pede ação do governo brasileiro
10 de julho de 2025
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O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (9), sobre a imposição de uma nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, gerou preocupação em todo o setor de pescado. Para a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), a medida terá um impacto significativo, afetando diretamente as atividades industriais de produtos aquícolas e ocasionando perdas significativas, em especial na tilapicultura e na pesca artesanal.
“Com o aumento dos impostos, a competitividade dos produtos brasileiros vai cair abruptamente, a gente praticamente vai perder esse mercado”, afirmou Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, em entrevista exclusiva à Seafood Brasil.
A declaração de Trump foi divulgada por meio de uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicada em sua rede social. Já os efeitos práticos atingem diversos setores da economia brasileira, inclusive o pescado.
Segundo Lobo, a perda potencial para o setor ultrapassa milhões de dólares em exportações e impactam diretamente milhares de produtores. “As consequências são graves porque atingem principalmente os pescadores artesanais, que produzem os produtos exportados pelo Brasil, e a piscicultura, principalmente a tilápia”, reforçou.
A Abipesca divulgou nota oficial em que expressa “profunda preocupação” com a nova tarifa e afirma que o mercado norte-americano representa hoje 70% das exportações brasileiras de pescado, somando US$ 244 milhões. A entidade ainda destaca que “o setor possui restrições mercadológicas” e cobra agilidade na abertura de novos destinos, como o mercado europeu, que segue travado por barreiras regulatórias.
“A morosidade dessa tratativa, em momentos como este, demonstra a importância de reduzir a dependência de mercados específicos para o pescado brasileiro. Solicitamos que o governo brasileiro adote uma abordagem cautelosa e diplomática para resolver essa questão, evitando confrontos ou medidas retaliatórias que possam agravar a situação”, diz o documento.
Mercado paralisado
De acordo com Lobo, o impacto da medida já começou a ser sentido. “Todos os nossos clientes já pediram para suspender totalmente as exportações nos próximos dias para os Estados Unidos. Os pedidos já estão cancelados e o mercado já está paralisado”, afirmou.
A consequência imediata, segundo ele, é que as indústrias não vão mais comprar o produto da pesca artesanal, que se transforma no produto de exportação, e também a piscicultura vai interromper a sua expansão. “É uma situação muito grave.”
Diante do cenário, o documento diz que a associação espera que as autoridades competentes tomem medidas eficazes para proteger os interesses dos produtores e exportadores brasileiros. “Considerando a importância do mercado americano para o setor, é fundamental priorizar a negociação e buscar soluções econômicas que beneficiem o Brasil, garantindo a preservação de milhares de empregos e a manutenção da estabilidade econômica do setor”, finaliza.
Mercado estratégico
A importância dos Estados Unidos para as exportações brasileiras de pescado continua a crescer. Conforme dados do Painel do Pescado divulgados na edição #57 da Seafood Brasil, em 2023, o mercado norte-americano representava 40,4% das exportações totais. Já em 2024, com um volume de 30.290 toneladas (alta de 24,9%), os EUA passaram a responder por 46,9% do total exportado pelo Brasil.
Em termos de valor, a participação norte-americana é ainda mais expressiva. Dos US$ 396 milhões gerados pelas exportações brasileiras de pescado em 2024, US$ 223,6 milhões vieram das transações com os Estados Unidos, representando um aumento de 31,7%.
No geral, as exportações brasileiras de pescado atingiram 64,6 mil toneladas em 2024, um aumento de 7,7% em relação a 2023. Em termos de valor, o setor registrou US$ 396 milhões em receitas, marcando um crescimento de 19,6%, impulsionado pela elevação de 11% no preço médio em dólares.
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Créditos da imagem: Canva
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