Piscicultura fecha 2025 mais forte e projeta avanços em 2026
Segundo PeixeBR, setor supera oscilações de preços, amplia consumo interno e mantém competitividade como eixo central da agenda para 2026
29 de dezembro de 2025
A piscicultura brasileira encerra 2025 com sinais claros de fortalecimento estrutural, mesmo após um ano marcado por oscilações de mercado, desafios regulatórios e tensões no comércio internacional. A avaliação é da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), que aponta ganhos estratégicos e um ambiente mais maduro para sustentar o crescimento em 2026.
Segundo o presidente da PeixeBR, Francisco Medeiros, o desempenho ao longo do ano foi dividido em dois momentos distintos: “Tivemos um primeiro semestre com grande oferta de produto, o que pressionou os preços para baixo. As indústrias também reduziram valores no food service e no atacado”, explica. O movimento se inverteu no segundo semestre, quando a demanda voltou a crescer. “No último trimestre, houve uma recuperação significativa dos preços pagos ao produtor. A indústria, no entanto, teve dificuldade em repassar esses valores imediatamente ao mercado”, destaca.
Apesar das dificuldades de repasse imediato ao mercado, de acordo com a entidade, o setor fechou o ano com perspectiva positiva. Neste contexto, um dos marcos de 2025 foi a inclusão do peixe de cultivo na cesta básica da reforma tributária, medida considerada estratégica para ampliar a competitividade da piscicultura no mercado interno.
“Essa inclusão representa um ganho estratégico para a competitividade no mercado interno”, afirma Medeiros.
Outro fator decisivo ao longo de 2025 foi o comportamento do consumidor. O período de preços mais acessíveis contribuiu para atrair novos públicos, que passaram a incorporar o peixe de cultivo à rotina alimentar. De acordo com a PeixeBR, a busca por proteínas mais saudáveis impulsionou especialmente o consumo de tilápia, hoje a principal espécie da piscicultura nacional.
Já no comércio internacional, as tarifas impostas pelos Estados Unidos exigiram ajustes rápidos da cadeia produtiva. Conforme a entidade, embora as exportações representem uma parcela reduzida da produção total, o redirecionamento de volumes para o mercado interno trouxe impactos relevantes para empresas mais expostas ao mercado externo.
“O volume exportado pelo Brasil representa apenas de 3% a 5% da produção total, então o impacto geral foi limitado. Mas, para as empresas exportadoras, que têm investimentos dedicados, o efeito no fluxo de caixa foi muito significativo”, pondera Medeiros.
Ainda assim, o setor conseguiu se reorganizar sem comprometer o abastecimento ou provocar desequilíbrios expressivos de preços.
Dados do Cepea/USP indicam que, mesmo com menor fluxo exportador, os preços da tilápia mantiveram trajetória de recuperação ao longo do ano, evidenciando que a oferta nacional ainda não é suficiente para gerar excedentes estruturais. Esse cenário reforça a leitura de que o Brasil segue em fase de consolidação como produtor relevante no mercado global.
Outro tema sensível de 2025 foi a proposta de inclusão da tilápia em uma lista de espécies invasoras. Para Medeiros, a postergação da decisão pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para 2026 foi fundamental, mas o tema segue no radar do setor.
De acordo com o presidente da associação, a Peixe BR atua junto ao setor produtivo, à sociedade e, principalmente, ao Congresso, para levar informações técnicas sobre a atividade e ampliar a competitividade da espécie.
“A tilápia foi a proteína animal que mais cresceu na última década e é a mais promissora para os próximos 30 anos”, reforça. A entidade defende que tilápias, peixes nativos fora de bacia e híbridos não entrem na lista do MMA.
Outro ponto crítico apontado pela PeixeBR foi o aumento das importações de pescado do Vietnã. Medeiros aponta distorções no processo. “A importação deve ocorrer quando há falta de produto, o que não é o caso da tilápia. Isso aconteceu justamente no ano de maior safra e de menores preços ao produtor”, observa.
Ainda segundo ele, o episódio trouxe preocupação em relação a riscos sanitários e à falta de isonomia competitiva. “Há protocolos permitidos no Vietnã que não são autorizados no Brasil. Também não há equivalência tributária, ambiental ou trabalhista. Estamos cobrando das autoridades a correção dessas não conformidades para garantir concorrência justa”, reforça.
Olhando para 2026, a piscicultura brasileira mantém a competitividade como eixo central de sua agenda. A prioridade, segundo a PeixeBR, é ampliar o acesso a mercados, reduzir entraves regulatórios e garantir que os ganhos cheguem de forma efetiva ao produtor.
Além do campo institucional, o setor avança em frentes técnicas consideradas estratégicas, como genética, biosseguridade, tecnologia de produção e eficiência industrial. Os investimentos realizados em 2025 na área sanitária - com fortalecimento de protocolos preventivos, manejo e imunidade - tendem a ganhar ainda mais relevância no próximo ciclo.
“A piscicultura brasileira mostrou resiliência e capacidade de adaptação. Entramos em 2026 mais preparados, com uma cadeia mais organizada e focada em eficiência, mercado e sustentabilidade”, resume Medeiros.
Créditos da imagem: Canva
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