Mulheres de Corpo de Algas transforma algas em alimento e cosméticos
Aquicultura

Mulheres de Corpo de Algas transforma algas em alimento e cosméticos

Plantação é feita no mar, a uma distância de até 3km da areia, com as algas sendo afixadas em canos flutuantes

04 de maio de 2021

O projeto "Mulheres de Corpo de Algas" alia conhecimento e responsabilidade ambiental no cultivo sustentável das algas. A matéria-prima é transformada em alimentos e cosméticos em Icapuí, no litoral leste cearense. Quem conta essa história é o Diário do Nordeste.
 
"Mulheres de Corpo de Algas" transforma algas em alimentos e cosméticos
 
Em 2001, oito famílias chefiadas por mulheres fundaram uma associação com o objetivo de agregar valor às algas marinhas de forma sustentável, após serem quase extintas, o que motivou a criação do projeto sob a curadoria da Fundação Terra Mar e da qual as mulheres viriam a ser protagonistas.
 
Nasceu, assim, o Mulheres de Corpo e Algas, cujo intuito inicial era desenvolver uma extração sustentável das algas através do plantio em cordas, em um cultivo que assemelha-se ao da ostra. A plantação é feita no mar, a uma distância de até 3km da areia, com as algas sendo afixadas em canos flutuantes.
 
Maurício Sabino, assim como a maioria dos nativos, tornou-se pescador logo cedo na região. “Desde jovem meu pai me ensinou a pescar. Aqui a profissão é essa, quase todo mundo tira o sustento do mar”, relata. Ele lembra que no fim dos anos 1990 uma nova fonte de renda desponta entre os icuapuienses: a venda de algas marinhas.
 
Na época, a quantidade de algas espalhadas pela faixa de areia chamou a atenção da comunidade. Logo, “empresários de outras cidades mostraram interesse em comprar o produto. Para fazer o quê a gente não sabia, só queríamos vender”, rememora o então pescador.
 
Mas, como todo recurso natural, a natureza cobrou seu preço pela retirada em excesso das algas da região e a atividade ficou em baixa até o início da criação do projeto. Assim, os "tempos dourados" voltaram graças ao valor agregado que as integrantes do “Mulheres de Corpo e Algas” aprenderam a imprimir a esses organismos do reino vegetal. O quilo in natura que antes chegava ao valor máximo de R$ 0,40 centavos agora produz até 50 produtos. São xampus, sabonetes líquidos e em barra, geleias, sorvetes, pizza, iogurte e uma infinidade de outros itens fabricados a base de algas.
 
Maria Marli da Costa Soares integra o 'Mulheres de Corpo e Algas' desde a sua fundação, é artesão, ou 'algueira', como popularmente também é chamada, relembra que o cultivo, antes desenfreado, hoje é regido pela lua. É ela quem determina quando o algicultor pode entrar ao mar e fazer a retirada do recurso. Já o processo de colheita e replantio é feito a cada três meses. "Tem um tempo certo de ir ao mar. Isso a gente foi aprendendo ao longo dos anos", relata Marli. 
 
Mauricio ilustra esse processo de retirada da matéria-prima: A maré tem que está bem baixa. Quando é lua cheia ou lua nova, a gente consegue avançar mar a dentro a pé, com a maré bem baixa. Lá pras tantas a gente pega uma pequena embarcação só para auxiliar a volta com as algas.
 
Premiado pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social (2009), o projeto também já  recebeu o Selo Mercado Mata Atlântica (2012) e foi selecionado pelo Ministério do Meio Ambiente (2012) como uma das 25 melhores práticas em agricultura familiar no Brasil. Por mês, o projeto 'Mulheres de Corpo e Algas' vende cerca de 150 produtos. Os produtos são comercializados em, sua maioria, entre turistas que visitam Icapuí, e, no caso de alguns alimentos, vendidos a escolas do Município – desde 2009, uma Lei Federal determina que 30% das verbas da merenda escolar devem ser gastas com alimentos regionais.
 
 
A face oculta da indústria do pescado
 
A utilização de subprodutos de pescado na fabricação de cosméticos e medicamentos no Brasil foi tema de uma matéria na Seafood Brasil #34. Apesar do setor ainda caminhar lentamente, alguns ingredientes são cada vez mais explorados. 
 
Só o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC) movimentou cerca de US$ 30 bilhões no País em 2018, conforme o Panorama do Setor 2019 apresentado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). Na época, o País ocupava a 4a posição no ranking de consumo dos HPPC e estava na 3ª posição em lançamento de novos produtos, atrás apenas dos Estados Unidos da América e China.
 
Já o uso de medicamentos também está em alta, conforme dados do Conselho Federal de Farmácia, o Brasil aparece entre os dez países que mais consomem medicamentos no mundo.
 
No universo de HPPC, o consumidor brasileiro segue mais exigente e atento aos acontecimentos mundiais, além de qualidade e bons preços, eles também intensificaram a busca por produtos naturais, sustentáveis e com boas práticas. Justamente o foco principal do público da Ocean Drop, uma startup nacional de suplementação humana e cosméticos que em Balneário Camboriú (SC). 
 
O fato de as algas e microalgas utilizadas nas formulações serem sustentáveis é uma demanda dos clientes e um diferencial no mercado. “O cliente não mais compra só um produto, já tem muita marca e demanda, eles querem agora uma experiência com propósito”, explica Juliana Pellizzaro, sócia-fundadora da empresa.
 
Ainda que o mercado apresente potencial, sobretudo com a pandemia do novo coronavírus aumentando a preocupação dos brasileiros com a saúde e a imunidade, são poucas as empresas nacionais que olham e apostam nesse nicho de mercado. A Patense é uma das exceções: a indústria de reciclagem animal produz soluções para diferentes segmentos produtivos.
 
Leia a reportagem completa na Seafood Brasil #34 que está disponível aqui.
 
 
 
 
 
 

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