Instituto de Pesca orienta criadores sobre manejo no inverno
Frio intenso exige atenção redobrada com espécies tropicais e manejo específico para trutas em regiões serranas
17 de julho de 2025
Com a chegada de frentes frias e massas de ar polar no Estado de São Paulo — e temperaturas já registrando mínimas abaixo de 0 °C em algumas regiões — o inverno se consolida como um período crítico para a aquicultura paulista. Nesse cenário, é comum que piscicultores procurem o Instituto de Pesca (IP-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, em busca de orientações sobre como proteger a saúde e o bem-estar das espécies cultivadas.
De acordo com os pesquisadores da instituição, é necessário reforçar os cuidados com os cultivos nesta época do ano, tanto para peixes de clima tropical quanto para espécies adaptadas a águas frias.
Frio afeta peixes tropicais e exige mudanças no manejoTilápias, pintados e pacus — entre os principais peixes cultivados no Estado — são originários de ambientes tropicais e extremamente sensíveis à queda de temperatura. No entanto, com o resfriamento rápido da água nos viveiros durante o inverno, o metabolismo desses animais desacelera, o apetite diminui e a vulnerabilidade a doenças aumenta consideravelmente.
Para minimizar riscos, os especialistas do Instituto recomendam atenção redobrada e ajuste nas práticas de manejo, com destaque para os seguintes cuidados:
--> Reduzir a frequência da alimentação conforme a resposta dos peixes ao arraçoamento.
--> Monitorar diariamente parâmetros da água, como oxigênio dissolvido, pH, amônia e temperatura.
--> Evitar manuseios desnecessários, que elevam o nível de estresse.
--> Reforçar medidas de biosseguridade nos sistemas produtivos, sobretudo em viveiros escavados e tanques-rede.
Segundo Daniela Castellani, diretora do Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental (unidade do IP em São José do Rio Preto), “os produtores devem adotar diversas medidas preventivas, de preferência ainda no verão, para evitar o estresse dos peixes e o surgimento de doenças como a Franciselose, causada pela bactéria Francisella noatunensis, que pode gerar grandes perdas na tilapicultura, principalmente nas fases iniciais de cultivo”.
Trutas: espécie adaptada ao frio requer cuidados específicosPor outro lado, a truta arco-íris — espécie típica de clima frio — se beneficia do inverno em regiões serranas como Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí. As baixas temperaturas, na faixa dos 10 °C, são ideais para a reprodução, com impacto direto na maturação das gônadas e no desenvolvimento dos embriões.
Durante esse período, o laboratório de reprodução do Núcleo Regional de Pesquisa em Salmonicultura Dr. Ascânio de Faria, vinculado ao IP e localizado em Campos do Jordão, intensifica suas atividades na produção de ovos embrionados – a demanda é alta e atende criadores de diversos estados, do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo.
Diferente das espécies tropicais, cujos ovos eclodem em um dia, os embriões de truta levam cerca de um mês para se desenvolver. Para garantir as condições ideais, a unidade utiliza um sistema de resfriamento e recirculação da água de incubação.
Outro diferencial no manejo é o transporte: os criadores recebem os ovos embrionados antes da eclosão, o que permite o envio sem a necessidade de imersão em água — apenas com umidade suficiente para manter a viabilidade dos embriões. Parte desses ovos permanece no instituto até o estágio de alevino, sendo repassada a produtores de menor escala.
“O inverno traz a festejada temporada de turismo a Campos do Jordão e outras localidades de montanha, acompanhada pela renovação das gerações de trutas no Brasil”, destaca a diretora do Núcleo, Neuza Takahashi.
Créditos imagens: Seafood Brasil
frio, Instituto de Pesca, inverno, pacu, pintado, São Paulo, tilápia, truta arco-íris


.jpg)




