Inflação e renda informal impactam alimentação fora de casa
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Inflação e renda informal impactam alimentação fora de casa

Estudo aponta que o consumidor tem negligenciado as refeições completas

03 de agosto de 2022

Com inflação acumulada em 17% nos últimos 27 meses e renda informal crescendo 103% (média mensal de R$ 327 em 2020 para R$ 662 em 2021), está cada vez mais difícil para o brasileiro manter o mesmo patamar de consumo. Nesse contexto, se alimentar fora de casa, que é o principal canal de consumo de pescado no Brasil, é ainda mais desafiador.
 
Conforme o estudo Consumer Insights 2022, relatório produzido pela Kantar, para compensar a alta de preços e suprir o desejo de comer fora de casa, o consumidor tem negligenciado as refeições completas, que ficaram 21% mais caras principalmente na hora do almoço, com um tíquete médio de R$ 43,94. 
 
A visita aos estabelecimentos para os almoços neste primeiro trimestre caiu 25% em comparação com o período pré-pandemia. Para balancear esse aumento, a saída encontrada foi buscar os petiscos (snacks), que ficaram 11% mais caros, porém bem abaixo do aumento das refeições completas e com um tíquete médio quatro vezes menor. 
 
Já o preço médio que o trabalhador brasileiro desembolsa para almoçar fora de casa é R$ 40,64. Esse valor para comer na rua cresceu 17,4% em relação ao período pré-pandemia, em 2019. Os dados são Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (da ABBT), que realizou um estudo entre fevereiro e abril deste ano, em 51 municípios, mais o Distrito Federal.
 
A Agência Brasil destaca que a pesquisa foi feita em restaurantes, lanchonetes e padarias que aceitam vale-refeição e usou como base o Programa de Alimentação do Trabalhador, que oferece prato principal de quinhentos gramas, bebida, sobremesa, mais o cafezinho. Também foram considerados os preços de quatro categorias de refeição: desde o "comercial", considerado mais barato, até o "a la carte", mais caro.
 
Consumo nos Lares mantém a trajetória de crescimento
 
Apesar do cenário econômico do País, a SuperHiper informa que o Consumo nos Lares mantém a trajetória de crescimento e acumula alta de 2,02% de janeiro a maio – resultado alinhado às projeções do setor supermercadista que prevê crescimento de 2,80% no ano, aponta o indicador nacional de consumo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
 
Em maio, o consumo registrou queda de -3,47% na comparação com abril. De acordo com análise da entidade, o recuo se deve, principalmente pelo impacto positivo e natural de abril causado pela Páscoa no consumo, e pelo reflexo da inflação nos alimentos, que reduz o poder de compra da população.
 
Na comparação com o mesmo período de 2021, o consumo teve alta de 0,39%. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
“A expectativa é de que a redução do ICMS sobre os combustíveis, que impacta o frete, a queda do desemprego, os novos recursos que devem ser injetados na economia decorrentes da PEC dos Benefícios contribuam com o consumo nos lares”, analisa o vice-presidente Institucional da ABRAS, Marcio Milan. 
 
Injeção da PEC das Bondades no varejo 
 
Com a alta da inflação causando grandes impactos também no varejo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projetou que a PEC das Bondades (Proposta de Emenda à Constituição nº 1/2022), deve injetar R$ 16,3 bilhões no setor. 
 
Os pagamentos dos novos benefícios sociais aprovados através da PEC das Bondades começam neste mês de agosto e devem gerar R$ 41,2 bilhões em despesas excepcionais. Isso porque a PEC propõe o pagamento de R$ 400 no Auxílio Brasil até dezembro. O texto ainda destinará um auxílio de R$ 1 mil para caminhoneiros, vale-gás de cozinha e reforço ao programa Alimenta Brasil, além de parcelas de R$ 200 para taxistas.
 
Para driblar a inflação
 
Para driblar a inflação, os supermercados têm aperfeiçoado estratégias, como por exemplo, a negociação com fornecedores que amenizarem o repasse da alta de preços aos consumidores, informa a SuperHiper. 
 
Nesta linha, o Grupo Imec, dono de supermercados e também dos atacarejos Desco Super&Atacado, está apostando em uma ação que batizou de “Batalha contra Inflação”. O lançamento dela coincide com a segunda metade do mês, quando, tradicionalmente, o cliente já aperta os gastos, bem observou o CEO Leonardo Taufer à coluna de Giane Guerra, do GZH. “Temos discutido muito internamente sobre como podemos atenuar os impactos da inflação dos alimentos na mesa dos nossos clientes. Convidamos os fornecedores para embarcarem nessa ação em prol dos clientes” diz. 
 
Segundo ele, o Imec garantiu aos fornecedores que todo o desconto seria repassado ao consumidor. Além disso, Taufer informa que a rede de supermercados reduziu as margens para que o efeito sobre os preços fosse maior. Pela simulação, uma compra de R$ 611,85 sairia por R$ 485,58, com descontos bem concentrados em itens de cesta básica e produtos de limpeza. Segundo o empresário, a ideia é fazer a ação uma vez ao mês.
 
Créditos: Canva

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