Com o governo em suspenso, entidades do setor se reúnem com ministro do MDIC
Marcos Pereira recebe Abipesca, PeixeBR, Compesca e empresas, que cobram celeridade na aprovação da MP
19 de maio de 2017
Poucos minutos após o jornal O Globo revelar o teor da conversa gravada por Joesley Batista, da JBS, com o presidente Michel Temer, o Congresso ficou paralisado. Entre as votações da noite da quarta-feira (17/05) estava a da Medida Provisória nº 768/2017 – que, entre outras disposições, efetivaria a transferência da Secretaria de Aquicultura e Pesca ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Antes de a bomba desestabilizar o governo federal, tudo caminhava para uma votação protocolar que aprovaria a MP sem sustos. Com este cenário no horizonte, a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) articulou para a quinta-feira (18/05) um encontro com o ministro do MDIC, Marcos Pereira (PRB), para apresentar as demandas do setor.
A entidade convidou o que considera como os principais atores de mercado “que tem postura ética e condições efetivas para transformar o setor de pescado brasileiro”, disse Christiano Lobo, diretor para assuntos governamentais da Abipesca. Isso incluiu as empresas: Geneseas Dell Mare, Gomes da Costa, Camil/Coqueiro, Qualimar, Frescatto, Prime, Damm, Noronha, Peixes da Amazônia, Maris, Netuno e Atum do Brasil.
Outras organizações setoriais, como a Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria da Pesca do Estado de São Paulo (Compesca/Fiesp) e a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), também integraram a agenda.
Diante do cenário político, porém, o clima foi muito diferente do esperado. O ministro Marcos Pereira recebeu parte da delegação de empresários em seu gabinete por 20 minutos, quando originalmente ele almoçaria com todo o grupo no restaurante Coco Bambu, em Brasília. “Mentalmente, ele não estava lá. Estava visivelmente sem dormir”, diz um dos participantes, que ainda questionou: "Que promessas ele pode fazer nesta situação?".
Ele não teria comentado diretamente a questão política, mas manifestou apoio ao setor e animou a Abipesca. “A conversa foi muito boa. Ele viu que os empresário estão unidos na melhoria do setor, unidos na moralidade, em fazer produtos bons à população”, sublinha Thiago De Luca, diretor da Frescatto Company. “Ele entende a oportunidade que o peixe tem no País, que qualquer avanço que façamos temos a chance de dobrar ou triplicar a nossa produção. Só pedimos a ele condições para vender um pescado mais barato no País.”
Pereira teria demonstrado esta sensibilidade, ao ressaltar que “uma indústria forte desenvolve o setor primário”, conta Breno Davis, CEO da Geneseas e vice-presidente do Conselho de Administração da PeixeBR, que elogiou a organização do evento e iniciativa da Abipesca.
Uma das principais demandas do setor foi a celeridade na aprovação da transferência, para a organização institucional da atividade. “Enxergo que não existe mais espaço para ação da secretaria enquanto o decreto de transferência não for votado”, avalia o coordenador do Compesca, Roberto Imai. Pereira sinalizou que acredita na aprovação da MP até a próxima segunda-feira (22/05).
Na sequência da agenda, o secretário de aquicultura e pesca, Dayvson Franklin de Souza, e o presidente da Frente Parlamentar Mista da Pesca e Aquicultura, o deputado Cléber Verde (PRB), reuniram-se no Coco Bambu. No cardápio, “peixes e frutos do mar, muita cordialidade e poucas cobranças”, afirmou um dos presentes.
Crédito das fotos: Christiano Lobo/Abipesca
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