Você sabe quanto o brasileiro realmente come de pescado?
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Você sabe quanto o brasileiro realmente come de pescado?

Estudo realizado pelo consultor Wilson Santos em março de 2021 mostra a atualização de informações entre os anos de 1996 e 2020

18 de março de 2021

Um estudo realizado pelo consultor Wilson Santos, em março de 2021, mostra a atualização de informações sobre o chamado Consumo Aparente per Capita de Pescado. Segundo o levantamento, que tem análise, interpretações e tendências entre os anos de 1996 e 2020, o brasileiro come atualmente 10,19 kg/ano de pescado.
 
Segundo ele, este importante índice de performance estabelece o nível de aceitabilidade do segmento junto ao consumidor brasileiro bem como a sua competitividade no confronto com outras proteínas animais disponíveis no mercado nacional.
 
O consumo per capita é avaliado através de dados, como: produção total nacional (incluindo pesca marítima), pesca continental, aquicultura e importações, exceto exportações, sendo a quantidade líquida total dividida pela população brasileira.
 
A base para atualização foi de um estudo realizado em 2010 pelo antigo Ministério da Pesca e Aquicultura com informações do consumo per capita no período 1996 a 2009. O estudo atual complementa com projeções por mais 10 anos chegando ao ano de 2020.
 
Resultados e comentários
 
1a – Tabela Consolidando Fontes de Fornecimento
 
Segundo os resultados do estudo, o consumo do brasileiro está diretamente ligado ao sucesso da aquicultura. Foi um crescimento de 83% nos últimos 11 anos com um aumento populacional ficando abaixo de 10% no mesmo período.
 
Analisando as importações, observa-se que mesmo com a boa ancora de sustentabilidade do salmão, a volatilidade dos filés brancos com a instabilidade econômica resultam em uma fonte com fortes oscilações.
 
O auge das importações aconteceu entre 2012 e 2013 quando os chamados filés brancos (panga- polaca do Alasca-merluza) chegaram a representar cerca de 35% do total das importações de pescado brasileiro.
 
Com relação a pesca extrativa, mesmo com ausência de dados estatísticos o acompanhamento e conhecimento empírico configuram claramente uma estabilidade. Não existe um recurso que estabeleça uma ancora com volumes perenes e representativos. A sardinha tem mostrado grande oscilações com capturas de 100 mil toneladas entre 2012 e 2014 a 12 mil toneladas em 2019.
 
 
1b – Consumo Aparente de Pescado per Capita Brasil – Histórico 1996 – 2020
 
 
A tendência de pequena queda dos últimos 3 anos, se justifica pela forte queda nas importações (queda de 33% período 2017 a 2020) não suficientemente compensada pelo crescimento da aquicultura local, que no mesmo período cresceu 17%.
 
Considerando o ano de 2020 quando o consumo aparente foi projetado em 10,2 kg per capita ano, os três recursos de maior consumo foram: tilápia representando cerca de 19%, sardinha representando cerca de 6% e o salmão com 5%.
 
1c – Participação da Pesca Extrativa – Aquicultura - Importação 
 
 
 
O gráfico mostra a sustentabilidade no crescimento da aquicultura com ponto de inflexão em 2018 quando assumiu a liderança com participação de 35,3% chegando a 40,7% no último ano de 2020.
 
O pescado com origem na pesca extrativista (marítima e continental) que em 2002 atingiu uma participação de 57,9 % continua sua tendência de queda chegando em 2020 a 33,6%.
 
Com relação ao importado, o gráfico mostra um histórico de instabilidade mesmo tendo uma forte ancora no salmão. A origem atingiu o máximo de participação em 2013 com 42,3% (auge das importações dos filés brancos) e uma forte queda em 2020 com 25,7% com impacto da pandemia.
 
A fragilidade e a falta de competitividade do pescado nacional no mercado internacional são evidentes. Nos últimos 3 anos as exportações representaram na média apenas cerca de 6% do total produzido internamente. 
 
1d – Informações Peixe BR vs IBGE
 
A produção da piscicultura projetada na Peixe BR apresenta divergências com os dados do IBGE. O gráfico abaixo apresenta o impacto desta diferença no consumo per capita. A diferença no período 2017 a 2019 é de 9,6% ou 1 kg per capita por ano.
 
 
 
Metodologia
 
Conforme o consultor, com ausência já histórica de dados estatísticos oficiais ou institucionais consolidados, a maior dificuldade na obtenção de informações concentra-se na pesca extrativa. A fim de suprir esta lacuna, foram definidas algumas premissas com base empírica:
 
- Definido o ano base de 2010 como referência quando foi elaborado o relatório estatístico da pesca nacional pelo IBAMA;
- Na pesca marítima, que historicamente representa entre 65% a 70% da pesca extrativa, a participação da sardinha é muito representativa. Como neste recurso existem informações estatísticas de fontes diversas com bastante uniformidade, todas as oscilações foram anualmente computadas;
- Na pesca continental, cujo peso no consumo total nacional é pequeno representando menos de 15%, foi estimado um crescimento médio na faixa de 1% anual;
- Na aquicultura, as referências foram o IBGE e dados da Peixe BR com preferência para esta última instituição;
 -Em relação às importações e exportações, a referência foi o sistema COMEX STAT – Ministério da Economia NCM 0302 a 0307, 1604 e 1605;
- Dependendo da forma de apresentação do pescado, foram usados fatores de conversão para pescado in natura.
 
Estes fatores têm como fonte o trabalho de 2010 do Ministério da Pesca e Aquicultura no cálculo do consumo aparente de pescado, com alguns ajustes e atualizações nos produtos do capítulo 1604.
 
Tabela de Conversão 
 
 
(a) – O NCM 03035300 refere-se a sardinha congelada. Item com grande representatividade nas importações, mas que pode ser importada tanto na forma inteira como na forma HGT (sem cabeça, vísceras e cauda). A conversão foi realizada com expertise e modelo matemático específico.
 
(b) – O NCM 1604 inclui diferentes tipos de produtos classificados como Conservas ou Outras Preparações . No caso dos atuns que tem representatividade nas importações existem as conservas tradicionais de enlatados e o chamado Lombo Cozido Congelado de Atum ou Bonito Listrado. A metodologia foi realizada com expertise e modelo matemático específico.
 
Fatores utilizados no Cap. 1604 – Conservas de Sardinha : 1 kg de produto importado = 1,6 Kg de pescado inteiro , Conservas de Atum : 1 kg de produto importado = 1,3 Kg de pescado inteiro e 1 Kg de Lombo Cozido de Atum = 2,2 Kg de pescado inteiro.
 
Créditos da imagem: Pixabay
 

Comex Stat, Consumo Aparente per Capita de Pescado, IBGE, Peixe BR, Wilson Santos

 
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