Novo memorando de parasitas do Mapa preocupa indústria e importadores

Novo memorando de parasitas do Mapa preocupa indústria e importadores

Associação a alergias e limites de infestação são pontos polêmicos do documento

27 de fevereiro de 2018

Um memorando interno da Coordenaria Geral de Inspeção do Ministério da Agricultura (Mapa) com orientações aos fiscais agropecuários sobre o controle de parasitas em pescado levantou temor entre frigoríficos e importadores a respeito da viabilidade do cumprimento das normas, aplicáveis tanto a pescado congelado quanto fresco. Desde a publicação, em 08 de fevereiro, já há relatos de cargas importadas paralisadas e prejuízos decorrentes.

O parâmetro adotado pelo memorando consta em um padrão de peixe congelado publicado em 1995 pelo Codex Alimentarius – órgão internacional normalizador da indústria de alimentos – que considera defeituosa a amostra que revele a presença de dois ou mais parasitas por kg de amostra encapsulados com mais de 3 mm de diâmetro ou a presença de um parasita não encapsulado com mais de 10 mm. Os lotes que excederem esses limites, dentro de cada nível de aceitação, devem ser julgados impróprios para o consumo humano.

Dentro dos programas internos de controle de pontos críticos dos frigoríficos já há perspectiva de remoção dos parasitas e remoção de porções infestadas, prática relativamente comum. No entanto, segundo o Chefe do Serviço de Investigação de Violações e Notificações do Mapa, Paulo Humberto Araújo, os fiscais teriam identificado nos últimos anos “um certo relaxamento” nos controles de parasitas das empresas em nível mundial, não somente no Brasil, e um aumento de ocorrências.

“Desde 2016, quando os processos de reinspeção passaram a ser intensificados passamos a observar a presença de infestação maciça de parasitas especialmente em salmão da pesca extrativa e mais recentemente em polacas e bacalhaus. Desde então iniciamos processos de notificação internacional às autoridades sanitárias para que as empresas e órgãos de fiscalização passassem a intensificar os controles de seus produtos”, relata.

Órgãos internacionais, como o Food and Drug Administration (FDA) – vigilância sanitária dos Estados Unidos – e o DG Sanco – braço da União Europeia responsável pela segurança alimentar – aceitam o congelamento a -20°C  por sete dias ou cocção por 60°C como ferramentas que eliminam o risco de parasitas à saúde humana. Não mencionam a possibilidade de alergias decorrentes da ingestão de parasitas, o que é levantado no memorando brasileiro.

O entendimento dos fiscais brasileiros é mais complexo. “Pesquisas mais recentes vem apresentando este fator de risco relacionado ao Anisakis [um dos parasitas mais comuns em pescado selvagem] ainda que inativado termicamente, o que reforçou nosso entendimento de que é fundamental o controle da parasitose ainda nas etapas iniciais do processamento”, diz Araújo. Fora isso, diz ele, há relatos de rechaço de consumidores por repugnância.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Pescado (Abipesca), o setor tem convicção de que as bases científicas utilizadas no memorando estão incompletas e interpretadas equivocadamente pelo Mapa. “Estamos trabalhando para mostrar a inocuidade dos parasitas”, indica Eduardo Lobo, presidente da entidade. Ele reconhece que há parasitas nos peixes à disposição da indústria, mas que já há controles internos para mitigar este risco aos consumidores. "O memorando se tornou uma ameaça a qualquer investimento. Eles podem inviabilizar a cadeia de restaurantes japoneses, por exemplo."

Nesta quarta-feira (28/02) a Abipesca terá uma reunião em Brasília para discutir o assunto com representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a gerente geral de alimentos, Thalita Antony de Souza Lima.

Leia aqui a íntegra do memorando.

Crédito da foto: CGI/DIPOA/MAPA/SDA/MAPA

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