Quaresma e Semana Santa abrem alas para a recuperação
Comercialização

Quaresma e Semana Santa abrem alas para a recuperação

Associações e entidades do setor acreditam que a época trará números em 2023 capazes de fazer todo o segmento festejar

04 de abril de 2023

Há quem diga que o ano no Brasil só começa para valer após as festas de Carnaval, o que não funciona muito no universo do pescado. Para quem é do setor, tudo começou no último trimestre do ano, com os preparativos para a Quaresma e a Semana Santa.
 
Depois de um ano difícil, com pouco peixe alojado, a aquicultura tinha bastante peixe na água e assistia a uma recuperação de preços que voltava a tornar a atividade atrativa. Com isso, o varejo mantinha o temor de não ter peixe suficiente, já que o cenário externo ainda afeta a disponibilidade de pescado importado.
 
Para quem é da produção, as expectativas para o período eram positivas, como frisa Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR). Especificamente em relação aos peixes nativos, em função da redução da produção ocorrida nos últimos anos, Medeiros mantém a boa expectativa para a Semana Santa. “Pois em algumas praças, temos uma menor oferta de produto e deve resultar em melhoria nos preços pagos ao produtor”, explica. “Nos peixes nativos estão fazendo a terminação de peixes para ter uma Semana Santa gorda”, diz.
 
No caso da tilápia, o levantamento semanal realizado pela entidade junto ao Cepea mostra que a cotação da espécie teve em janeiro de 2023 o sexto mês de aumento semanal de preços pagos ao produtor. “Considerando inclusive o mês de dezembro, quando historicamente temos uma grande competição com outras proteínas, isso nos leva a uma projeção de manutenção dos bons negócios na Quaresma”, conta.
 
Os dados mostram sustentação do viés de alta. Os valores da tilápia se mantiveram em ascensão no mercado na primeira quinzena de fevereiro, quando atingiram recordes reais, desde que a série foi iniciada, em agosto de 2021.
 
Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso para os preços vem da demanda aquecida e da baixa oferta. No caso da tilápia, agentes consultados pelo Cepea indicam que a proximidade do período de Quaresma tem intensificado a demanda por parte de redes atacadistas e varejistas, que iniciaram a estocagem há algumas semanas.
 
Para Marilsa Fernandes, presidente executiva da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (PeixeSP), localizada em uma das principais regiões produtoras de tilápia do Brasil, há um cenário de falta de peixe no mercado que vem se desenrolando desde o ano passado e que também provoca, pela ótica do produtor, uma perspectiva boa para a Semana Santa.
 
“Estamos vendo que em decorrência do desarranjo produtivo do ano passado, em que os preços estavam muito baixos para o produtor, houve uma significativa queda na produção. Com isso, hoje faltam produtos, o que eleva o seu preço. A perspectiva é que, até a Quaresma, a falta de peixe será grande”, informa. Ela ainda acrescenta a essa situação o inverno mais rigoroso e prolongado que gerou uma reprodução tardia, com fornecimento de alevinos se normalizando a partir de novembro. “Isso também retardou um pouco mais os povoamentos”, explica Fernandes.
 
Já para o segundo semestre, a presidente da PeixeSP alerta que deverá ocorrer uma queda de preço para o produtor. “Com a normalização da produção a partir de maio e junho, a tendência é de queda nos preços em função do volume de produção. Assim, é possível ofertar com maior volume.”
 
A carcinicultura também está com expectativas positivas na produção e comercialização do crustáceo nessa época tão importante, como conta Itamar Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). “Diante do incremento do turismo e da atual demanda e, naturalmente, do consumo de camarões, acreditamos que até o período da Quaresma, o mercado se manterá favorável. Isso tanto do ponto de vista da demanda, como dos preços para o produto in natura na porteira da fazenda”, fala.
 
Segundo Rocha, houve uma “relativa melhora” dos preços praticados na porteira da fazenda para o camarão in natura, inclusive para as gramaturas superiores a 25-40 gramas, para processamento e agregação de valor, como o filé.
 
Assim, os preparativos tradicionais do período seguem, com este impulso adicional de uma melhor remuneração. “Os carcinicultores têm sempre presente nos seus planejamentos as datas da Semana Santa, o Período das Festividades Juninas e as festas de final de ano - pelo que, nos seus programas de produção, sempre consideram essas janelas de despesca, sendo com o crescimento da procura por camarões com gramaturas superiores”, completa Rocha.
 
Na pesca 
O aquecimento do mercado na Quaresma e na Semana Santa também é a aposta dos pescadores. Agnaldo Hilton dos Santos, presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), lembra que as datas são importantes e que devem representar um incremento de 20% a 30% nas vendas de pescado. Porém, ressalta a meta de estimular a produção o ano todo. “Temos mercado para isso”, reforça o presidente. 
 
As entrevistas foram realizadas no final de fevereiro e a matéria completa está disponível na Seafood Brasil #47. Clique aqui.
 
Créditos: Canva
 

 
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