Estimativa indica produção de 90.000 toneladas de camarão no Brasil em 2019 enquanto Índia e Vietnã brigam por 1 milhão
Assessor da ABCC diz que desarticulação de empresas âncora, junto a falta de políticas públicas e dificuldades no licenciamento explicam a disparidade
29 de janeiro de 2019
O Portal Undercurrent News divulgou dados da Conferência Global do Mercado de Frutos do Mar dos EUA (GSMC) do National Fisheries Institute realizada entre 15 e 17 de janeiro. E um dos painéis levantou a questão: quem vai atingir 1 milhão de toneladas de produção de camarão primeiro, a Índia ou o Vietnã?
Segundo o veículo, parte do público no painel do camarão fortemente apontou a Índia como a vencedora da disputa, embora vislumbre uma produção estável para os asiáticos em 2019, com o aumento da produção global.
O especialista em produção latino-americana, Bill Hoenig, disse que as metas ousadas dos dois países são possíveis. “O Vietnã e a Índia querem chegar a 1 milhão de toneladas. Essas são metas ambiciosas, mas poderiam ser atingidas”, comentou.
E no Brasil?
Procurado pela Seafood Brasil, o assessor especial da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, divulgou dados sobre a produção da espécie no País. De acordo com ele, em 2016 foram produzidas 60.000 toneladas, que marcaram o início da recuperação da atividade pós-mancha branca.
O assessor informou que, nos anos seguintes, os números só aumentaram: 65.000 toneladas em 2017 e 77.000 toneladas em 2018. Para ele, as projeções apontam volumes de 90.000 toneladas e 120.000 toneladas, respectivamente, conforme tabela abaixo.
Quando perguntado o porquê do Brasil não produzir mais camarão, Rocha disse que a dificuldade tem sido na “inconsistência das suas políticas públicas”, associada à falta de prioridade e carência de incentivos governamentais. Ele ainda considera que também são problemas a dificuldade da obtenção do licenciamento ambiental e o acesso a créditos bancários, oficiais e privados.
Segundo o assessor, a desarticulação de empresas âncoras afetou o desenvolvimento da produção nacional: “Quando se tem presente que a grande maioria dos carcinicultores brasileiros são micro, pequenos e médios (95%), não resta menor dúvida de que a desarticulação do vitorioso esquema de empresas âncoras (06), que havia comandado o expressivo crescimento setorial (3.600 toneladas em 1997 para 90.360 toneladas em 2003) - contando com recursos financeiros dos importadores norte-americanos e europeus - afetou sobremaneira o desenvolvimento setorial, tanto no tocante à produção (de 90.360 toneladas em 2003 para 77.000 toneladas no ano de 2018) como especialmente, as exportações,” comentou.
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