Grupo de salmão norueguês não vai mais usar soja brasileira
Aquicultura

Grupo de salmão norueguês não vai mais usar soja brasileira

Ação do grupo norueguês parece ser mais um boicote ao agronegócio brasileiro e a política ambiental de Bolsonaro

26 de setembro de 2019

Salmon Group, rede de fazenda familiares norueguesas anunciou que não irá mais usar a soja brasileira na produção de ração. O comunicado com efeito imediato veio em seguida ao primeiro discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (24), realizado pelo presidente Jair Bolsonaro.
 
De acordo com o Undercurrent News, em comunicado à imprensa, a rede que representa cerca de 12% da produção do país, analisa que o corte do uso de soja do Brasil ajudará a melhorar a pegada de carbono do grupo em cerca de 50% em comparação com outros alimentos utilizados pela indústria.
 
O plano é trocar a soja por "fontes alternativas e mais sustentáveis ​​de proteína". “A produção de alimentos é atendida com demandas cada vez mais rigorosas, e o Salmon Group se esforça para estar à frente das demandas do governo. Estamos fazendo isso porque é a coisa certa a fazer pelo meio ambiente e porque experimentamos uma maior conscientização do consumidor. Se você tem conhecimento de que algo pode ser melhorado, deve fazê-lo ", afirmou Anne-Kristine Oen, CEO do grupo.
 
No final de agosto, o Isto É noticiou que a maior produtora do mundo de salmão, a também norueguesa Mowi, mostrou preocupação com o desmatamento e informou que considerava interromper as compras de soja do Brasil.
 
“O tratamento dado à Amazônia é inaceitável. A Mowi terá de considerar a possibilidade de encontrar outros fornecedores de matérias-primas para ração, a não ser que a situação melhore”, declarou a diretora de Sustentabilidade da companhia, Catarina Martins.  Conforme o veículo, a empresa informou que sua fábrica de ração produziu 348 mil toneladas do suprimento em 2018. A Mowi informou também que não utiliza soja transgênica como matéria-prima.
 
Discurso traz consequências
As crescentes queimadas e desmatamento da Floresta Amazônica nos últimos meses estão em pauta no cenário mundial, e provocam preocupações de inúmeros países. A ação dos grupos noruegueses parece ser mais um boicote ao agronegócio brasileiro e ao discurso de Bolsonaro sobre a questão ambiental.
 
Conforme o portal G1, em agosto a Noruega já havia sinalizado sua insatisfação com as atitudes do governo brasileiro em combate ao desmatamento e as queimadas na região ao informar a suspensão da doação ao Fundo Amazônia. A Noruega é o principal doador do Fundo, que visa ações para prevenção ao desmatamento no Brasil. Há participação do fundo inclusive em quatro projetos da Embrapa Aquicultura e Pesca que se iniciaram no ano passado
 
A decisão do país veio após Bolsonaro assinar a revogação de inúmeros decretos que extinguiram diversos órgãos ligados à administração pública, entre os quais o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa) que foi criado por decreto em 2008. A situação sobre o Fundo Amazônia ainda segue em impasse. 
 
Estudo aponta cautela de gigantes da carne no Brasil
 
Um estudo inédito da Fairr Initiative, associação que acompanha 107 empresas da cadeia de proteína animal e elabora um ranking de sustentabilidade com as 60 maiores do mundo, revelou que o debate sobre preservação ambiental já pressiona as gigantes brasileiras do setor de carne. Elas se mostraram as mais atentas do mundo em relação a desmatamento, embora no conjunto dos parâmetros de sustentabilidade (ESG) sejam classificadas em alto e médio risco.
 
A pesquisa visa identificar riscos e oportunidades no segmento. Quatro brasileiras estão no ranking Coller Fairr Index. A JBS, Marfrig e BRF foram classificadas como companhias de risco médio em parâmetros ESG (riscos de governança e socio-ambientais). Já a Minerva, que estreia no índice, foi considerada de alto risco.
 
Conclusões pontam que ainda que melhor a de outras regiões, a pontuação das brasileiras no quesito desmatamento também é ruim (51%). Além do mais, seus compromissos parecem relacionados só à Amazônia, ignorando o Cerrado e outros biomas. As empresas brasileiras também se mostram pouco dispostas a assumir compromisso com a rastreabilidade do gado e da soja para rações. 
 
“O fogo na Amazônia e as subsequentes ameaças de sanções pelas empresas europeias deixam claro que os problemas de sustentabilidade, como devastação e emissão de gases de efeito estufa, são um risco material para as companhias brasileiras. Este cenário manda um forte sinal ao mercado: as empresas estão levando a sério os riscos ambientais”, diz Iman Effendi, pesquisador e gerente de engajamento da Fairr Initiative. 
 
Outros insights no estudo apontam sobre a rastreabilidade da soja: apenas a Marfrig tem controle do grão a partir das plantações e do gado e a partir do pasto. A JBS só rastreia o gado de fornecedores diretos, bem como o faz com a soja.
 
Sobre a escassez de água: Marfrig e JBS reconhecem o debate sobre o uso de recurso nas plantações, mas não discutem planos para mitigar o problema. Quantos aos resíduos e poluição, tanto a Marfrig quanto aMinerva não discutem o tema.
 
A JBS e BRF abrem os dados sobre emissões de gases de efeito estufa das operações nas fazendas de gado, mas não das plantações para rações, que representam 45% do volume das emissões do setor. A BRF e Marfrig informaram aumento nas emissões. E a JBS afirma que suas emissões estão em queda, mas não completou o questionário sobre o assunto. Já para as proteínas alternativas, três das quatro empresas anunciaram investimentos e lançamento de produtos.
 
 
Créditos da imagem: Євген Литвиненко por Pixabay  
 

 
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