Carcinicultura volta ao jogo?
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Carcinicultura volta ao jogo?

Produção de camarão finalmente ultrapassa as 100 mil toneladas produzidas, mas sofre com velhos problemas

02 de janeiro de 2023

A virada do século XXI trouxe consigo os “Anos Dourados” da carcinicultura brasileira. A atividade atingiu seu auge em 2003, com produção de 90.190 toneladas de camarão, das quais quase 80% destinaram-se ao mercado internacional, conforme a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC).
 
A partir de 2004, no entanto, a trajetória de crescimento não só foi interrompida, como começou um decréscimo amargado até hoje. Ao longo dos anos, o camarão brasileiro de cultivo foi perdendo espaço e acesso aos principais mercados internacionais. Fora isso, teve de lidar com fragilidade na sanidade e o surgimento e disseminação de doenças, entre elas o Vírus da Mionecrose Infecciosa (IMNV) e a mancha branca (WSSV).
 
Mais de uma década depois, a atividade - e o mundo - precisou lidar com os reflexos de outro vírus: a pandemia da Covid-19. Na cadeia de produção, a recente crise sanitária global ampliou a lista de desafios dos laboratórios de pós-larvas, das fazendas de engorda, das indústrias e das empresas que atuam na comercialização de insumos.
 
Ainda assim, a produção brasileira de camarão registrou 120 mil toneladas em 2021 e mantém projeções para 150 mil toneladas em 2022 e 180 mil toneladas em 2023, segundo a ABCC. A expansão segue sem grandes saltos produtivos, já que a sanidade, a falta de foco na exportação, o consumo, o preço e uma série de velhos problemas ainda persistem.
 
Novo desafio: a Covid-19
 
Em meados de 2017, o laboratório de pós-larvas da Potiporã, empresa do Grupo Samaria, celebrava a conquista do novo equipamento de tratamento da água captada com ozônio para reforço do combate às enfermidades que atingiam o setor na época, especialmente a NIM (mionecrose infecciosa) e mancha branca. Anos depois, a pandemia da Covid-19 se juntava à lista de desafios enfrentados pelo laboratório de PLs, localizado em Touros (RN). “O primeiro obstáculo foi a insegurança sobre o que viria no dia de amanhã quando os estabelecimentos mudaram na era Covid-19. Com o fechamento deles, qual seria a saída?”, lembra a gerente operacional, Roseli Pimentel.
 
Os inevitáveis impactos na economia das medidas de contenção também geraram aumento de demanda, sobretudo nos canais de varejo, em contraste com a queda do food service. Assim, o sistema delivery ganhou rapidamente mais espaço no segmento e apareceu, para Pimentel, como uma “grata surpresa”. “O camarão entra como um prato bem atrativo, fácil de ser preparado, então as pessoas migraram para comer melhor em casa porque já estavam com muitos problemas”, fala.
 
Com isso, conforme ela, a produção de PLs no laboratório não foi impactada e não houve decréscimo no faturamento. “Talvez no primeiro momento, mas logo em seguida, a reação foi positiva e a gente não sentiu a nível de venda de larva essa queda”, explica Pimentel. Mas, mesmo com estabilidade financeira, o laboratório não passou ileso. “Foi um tempo em que a gente precisou se desafiar porque começaram a existir casos positivos [da doença da Covid-19] e muitos funcionários faltavam e se afastaram”.
 
As restrições sanitárias e os lockdowns também ocasionaram problemas à Camarave Maricultura, em São Bento do Norte (RN). Com produção atual em torno de 70 toneladas de camarão por mês, a fazenda viu o novo vírus desafiar o cotidiano, como conta a bióloga e gerente, Kaline Murielle. “A produção em si de camarão, nós continuamos. Mas em relação a Covid-19, teve semanas aqui que tivemos funcionários afastados de 10 a 14 dias. No começo, fechou tudo e a gente não teve para quem vender. Sendo assim, o desafio maior da diretoria foi estocar o camarão por uns 5 a 6 meses”, explica.
 
Também com forte atuação no setor, a indústria de beneficiamento da Faifs Maricultura, localizada em Parnamirim, próximo a Natal (RN), viu a sua produção aproximada de 150 a 180 toneladas cair para 90 toneladas mensais
 
Leia esta reportagem completa na edição #46 da revista Seafood Brasil

 
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