BRS Aqua: projeto de R$ 57 milhões quer atrair parceiros para disseminar tecnologia

BRS Aqua: projeto de R$ 57 milhões quer atrair parceiros para disseminar tecnologia

Embrapa vai envolver 22 centros de pesquisa, 50 parceiros públicos e 11 empresas privadas para resolver gargalos do setor

20 de julho de 2018

O maior projeto de pesquisa para o desenvolvimento tecnológico da aquicultura foi anunciado no início de julho com uma campanha massiva de divulgação pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO). O BRS Aqua, como é chamado, é o terceiro maior já financiado pelo BNDES Funtec – linha de crédito não reembolsável a projetos de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação.

A expectativa do setor produtivo é grande, mas o êxito da iniciativa depende da adesão, envolvimento e adoção das tecnologias pela cadeia produtiva a partir dos eixos de pesquisa definidos pela Embrapa para estabelecer a infraestrutura e a pesquisa científica necessárias para atender demandas aquícolas.

A Embrapa explica que o BRS Aqua funcionará como um grande guarda-chuva sob o qual há oito projetos componentes (Germoplasma, Nutrição, Sanidade, Manejo e gestão ambiental, Tecnologia do pescado, Economia do setor aquícola, Transferência de tecnologia e Gestão), com pesquisas distribuídas em diversos centros de pesquisa da Embrapa e polos produtivos.

No decorrer de quatro anos, 22 centros de pesquisa, 50 parceiros públicos e 11 empresas privadas irão apoiar a entidade na pesquisa sobre quatro espécies: tambaqui (Colossoma macropomum), tilápia (Oreochromis niloticus), camarão (Litopenaeus vannamei) e bijupirá (Rachycentron canadum).

O critério para a seleção destas espécies foi mercadológico, mas cada uma delas oferecerá um desafio distinto. “Essas espécies se encontram em diferentes patamares tecnológicos e para cada uma delas haverá uma abordagem diferente”, explica a pesquisadora e coordenadora do projeto, Lícia Maria Lundstedt, da Embrapa Pesca e Aquicultura.

No tambaqui a meta é construir um banco de germoplasma para referência e melhoramento genético da espécie, além de mapear e endereçar desafios sanitários e descobrir o melhor padrão nutricional. Para o camarão o objetivo é identificar fatores de risco associados à mancha branca e outras doenças. Na aquicultura marinha, o objetivo é criar um pacote tecnológico para o bijupirá - já presente em nossas águas e em alguns projetos comerciais que buscam viabilidade.

Outras linhas de pesquisa pretendem abordar o impacto da atividade sobre o aquecimento global e na sustentabilidade, desenvolver soluções tecnológicas para aprimorar o abate e processamento do pescado, bem como pesquisar a viabilidade econômico-financeira dos sistemas de cultivo, estrutura da cadeia produtiva, risco de investimento, impacto econômico da adoção de tecnologias, além de dados macroeconômicos da aquicultura nacional (empregos, PIB etc).

Para dar conta das demandas, a Embrapa também usará o aporte para a contratação de mais pesquisadores e ampliação das instalações para a pesquisa, contemplando inclusive a possibilidade da construção de um laboratório de pesquisa de aquicultura marinha.

Veja a seguir entrevista com Lundstedt sobre o BRS Aqua.

1) O que cada uma quatro vertentes e pesquisa com espécies (tilápia, tambaqui, camarão e bijupirá) pode surtir de efeito prático?

As 4 espécies encontram-se em patamares diferentes quanto à sua tecnologia de produção. Para tilápia e camarão, com tecnologias mais avançadas de produção, são previstas ações de refino de tecnologia. Para tambaqui, espera-se a geração de um pacote tecnológico substancial, com ações em todas as temáticas do Projeto. Para bijupirá, especie nativa com grande potencial, mas que encontra-se em estágio tecnológico inicial no Brasil, está previsa a instalação de um laboratório de aquicultura marinha, onde serão desenvolvidas as ações de pesquisa.

2) Como aumentar a adesão, envolvimento e adoção das tecnologias pela cadeia produtiva?

O projeto proverá Informações técnicas e científicas confiáveis e validadas que subsidiarão o setor, e até mesmo poderão balizar o desenvolvimento de políticas públicas.
Entretanto, a adoção das tecnologias pela cadeia produtiva vai além da atuação da Embrapa. Se faz necessário o fortalecimento dos órgãos competentes e da efetividade das suas ações de assistência técnica e extensão rural, que permitam que estas tecnologias alcancem seu público-alvo.

3) Quais serão exatamente os reforços e melhorias na infraestrutura e equipe que o aporte do BNDES possibilitará?

- Infraestrutura física de Laboratórios e Galpões de pesquisa em diferentes Unidades e Campus Experimentais da Embrapa onde estão previstas ações de pesquisa. Esta infraestrutura de pesquisa será adequada e permitirá o desenvolvimento deste e de vários projetos futuros;

- Equipamentos de última geração para atender as demandas de pesquisas das diversas temáticas (genética, nutrição, sanidade, manejo e gestão ambiental, tecnologia do pescado);

- Equipe: Os recursos de contrapartida da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República serão executados via CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para a implementação de Bolsas das diferentes modalidades da Categoria de "Fomento Tecnológico e Extensão Inovadora". Os bolsistas contribuirão para o desenvolvimento das ações de Pesquisa e Transferência de Tecnologia, tanto de laboratório como de campo, previstas nos diferentes Centros da Embrapa envolvidos no Projeto. Esses bolsistas representarão a formação continuada de mão de obra qualificada para atuação no setor. Adicionalmente, esta possibilidade de atuação estimulará a fixação destes profissionais nos principais locais de pesquisa e produção aquícola no país, que por peculiaridades da área, em sua maioria, se distanciam dos grandes centros, cuja escassez de mão de obra representa um dos gargalos para aceleração do crescimento.

4) Quais são os entes públicos e empresas privadas envolvidas?

Universidades públicas e privadas, instituições de pesquisa e empresas privadas que atuam nas diferentes temáticas relacionadas à aquicultura direta e indiretamente, bem como às ações de pesquisa e transferência de tecnologia previstas do projeto.

5) Como esta "conta" de R$ 45 milhões financiados pelo BNDES será paga?

O contrato é uma colaboração financeira não-reembolsável, destinada a apoiar infraestrutura e pesquisas em unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária — EMBRAPA, relacionadas ao desenvolvimento tecnológico da aquicultura no Brasil, com recursos do BNDES Fundo Tecnológico - BNDES Funtec Fomento IT.

https://www.youtube.com/watch?v=pvpzXX2FHPI

O BRS Aqua é fruto da parceria entre Embrapa, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a atual Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, ligada à Presidência da República, (SEAP).

O projeto é o terceiro maior já financiado pelo BNDES Funtec – linha de crédito não reembolsável a projetos de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação. Serão R$ 45 milhões financiados pelo banco estatal, R$ 6 milhões da Embrapa e R$ 6 milhões da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, totalizando R$ 57 milhões.

Para mais informações, acesse https://www.embrapa.br/pesca-e-aquicultura 

Crédito da foto: Saulo Coelho/Embrapa

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