AquaSur 2018: Chile quer liderar aquicultura mundial

AquaSur 2018: Chile quer liderar aquicultura mundial

Com imagem crítica perante a comunidade, indústria deve melhorar padrões de sustentabilidade e reconstruir imagem da atividade

25 de outubro de 2018

A 10ª edição da feira bienal AquaSur terminou no último sábado (20/10), em Puerto Montt (Chile), e sintonizou o maior polo aquícola do hemisfério sul com as principais tecnologias mundiais de produção. Mas além da feira, ficou evidente a disposição do país em se tornar o maior protagonista da aquicultura mundial.

O Chile produz mais de 800 mil toneladas de salmonídeos, atividade que emprega mais de 40 mil pessoas indiretamente e outras 20 mil diretamente. A receita com este volume é de US$ 4,6 bilhões de dólares, cifra equivalente a 6% das exportações chilenas e a segunda atividade econômica mais importante do país.

Os aquicultores chilenos perdem, no entanto, para a Noruega nos salmões e para a China no cômputo geral da aquicultura. No entanto, empresas participantes da Iniciativa Global do Salmão (GSI, na sigla em inglês) deram o tom da ambiciosa meta. 

Gerardo Blamuntín, gerente general da Blumar, explicou aos presentes que o objetivo é liderar a aquicultura mundial não em termos de volume, necessariamente, mas em termos de imagem. "Por meio da noção de que é nossa vez de liderar, vemos que, com colaboração e transparência, o futuro está em nossas mãos. Tomaremos a iniciativa de definir o que queremos que enxerguem em nós."

A visão da salmonicultura ainda é crítica entre as comunidades locais situadas a partir da décima região, onde se situam as fazendas marinhas. Harry Jurgensen, intendente da região de Los Lagos - onde se situam Puerto Montt e Chiloé, por exemplo - reconheceu a situação e disse que as autoridades precisam participar do processo de liderança.

"Devemos ter sistemas de monitoramento com protocolos aprovados com representantes do Estado, indústria, comunidade, pescadores artesanais e industriais. Nada podemos fazer se não estamos fazendo isso em conjunto e se não estamos pensando na natureza", apontou no evento.

A postura mais crítica veio do senador Rabindranath Quinteros, que já foi intendente da região. Ele reconheceu a contribuição da salmonicultura para a geração de empregos e renda, mas disse que o setor privado falhou no compromisso social da atividade. 

"A indústria é apenas a 9ª no ranking de salários médios da região. Além disso, os reportes anuais da indústria diziam que não havia nenhum problema de ordem ambiental, mas em 2008 o ISA [Vírus da Anemia Infecciosa] mudou o cenário de maneira radical", sublinhou o senador. "Plantas fechando, empresas falindo, fusões de última hora, despedida de executivos, greves etc."

Quinteros apontou que a reputação do setor se constrói com harmonia de construção com as comunidades e instituições, mas na visão dele isso não ocorreu. A discussão ocorre em meio à aprovação de uma nova lei aquícola que determina uma série de exigências e limites às indústrias, como densidades, uso de antibióticos, contenção de escapes etc.

Avrim Lazar, diretor do GSI, concluiu a discussão com a visão de que a salmonicultura chilena precisa levar todos estes fatores em consideração para criar a própria história e liderar o negócio. "Quando a indústria quer contar a história escolhe imagens ótimas e diz que são ótimas, mas o público não engole. Não exista indústria no mundo que seja boa o suficiente, então você não pode dizer que é perfeito."

Na visão dele, a comparação com outras proteínas animais para reforçar a sustentabilidade da atividade não é suficiente. "Podemos ser bons comparados a outros padrões, mas ainda precisamos melhorar dentro dos nossos padrões. Somos os melhores especialistas naquilo que precisamos melhorar", concluiu.

Confira a cobertura completa da AquaSur e das principais tecnologias da salmonicultura chilena na edição #27 da Seafood Brasil, com circulação prevista para dezembro.

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