Afinal, a pesca de arrasto de camarões pode ser sustentável?
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Afinal, a pesca de arrasto de camarões pode ser sustentável?

Nos países da América Latina, várias práticas sustentáveis estão sendo aplicadas à pesca de arrasto de camarões

Luana Arruda Sêga - 14 de outubro de 2020

A pesca de arrasto de camarões acontece em todo o mundo e é uma atividade que teve início no Brasil na década de 1960. Infelizmente a pesca de arrasto ainda é vista como uma inimiga do meio ambiente, principalmente, por ter grande contato com o fundo marinho e por ser pouco seletiva. Porém, essa visão está, aos poucos, sendo mudada, graças aos esforços dos setores pesqueiro, científico e governamental de vários países.
 
Hoje está em desenvolvimento na América Latina o Projeto Rebyc, que tem por objetivo fortalecer a pesca de arrasto no mundo, levando em consideração a importância social e econômica desta atividade. O projeto, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação  FAO), conta com a participação de 6 países latino-americanos, incluindo o Brasil. 
 
Nos países da América Latina, várias práticas sustentáveis estão sendo aplicadas à pesca de arrasto de camarões. No México, por exemplo, onde a frota de arrasto de camarões representa mais de 50% da frota nacional, com mais de 1000 embarcações, existe a utilização de dispositivos de escapede peixes e de tartarugas, períodos de defeso e programa de reciclagem de resíduos sólidos das embarcações.
 
Além disso, 40% da frota possui certificação pela Marine Stewardship Council (MSC), e 100% da frota possui rastreamento por satélite. Outros países, como a Argentina e o Chile, também estão trabalhando com práticas sustentáveis para essa pescaria, com modificações dos petrechos de pesca e parcerias com projetos de reciclagem de redes de pesca. 
 
Na Costa Rica, o Instituto Costariquense de Pesca e Aquicultura (Incopesca), já realizou estudos técnicos para avaliar as porcentagens de exclusão da fauna acompanhante na pesca de arrasto de camarões, utilizando diferentes tamanhos de malha de rede, dispositivos e outras melhorias.
 
Os dispositivos utilizados incluem: dispositivo de escape de tartarugas marinhas, dispositivos de escape de peixes do tipo “olho” e do tipo “ventanas de malha quadrada” e dispositivo de “padrão duplo” para diminuir o contato da rede com o fundo marinho, provocando menos danos à integridade do mesmo.
 
Os resultados foram muito positivos para defender a sustentabilidade dentro dessa pescaria, incluindo um aumento de até mais de 100% na captura de camarões, que provam que a pesca pode sim ser seletiva e causar poucos impactos ao ecossistema marinho. 
 
Devido à grande importância social e econômica que essa atividade representa, o Brasil também é um dos países que está sempre em busca de novas tecnologias e práticas sustentáveis para o desenvolvimento da pesca de arrasto de camarões.
 
A frota de arrasto de camarão brasileira já utiliza o Dispositivo de Escape para Tartarugas desde dezembro de 2004, quando essa prática se tornou obrigatória, através da Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente nº 31/2004. Além disso, através do Projeto Rebyc, está sendo desenvolvido no país, com a participação de pesquisadores, governo e setor pesqueiro, um Plano Nacional para o Manejo e Uso Sustentável do Camarão Marinho.  
 
Hoje, existem pelo menos 300 embarcações de arrasto com camarões como sua espécie-alvo, gerando um benefício econômico direto para pelo menos 1.500 famílias. Além disso, outros setores que trabalham com esse produto, incluindo empresas de processamento, mercados, restaurantes e exportações, são responsáveis por pelo menos 45 mil empregos indiretos à atividade pesqueira de camarões no País. 
 
 

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Sobre Luana Arruda Sêga
 
  • Assessora de Pesca e Aquicultura
 
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