A pesca, a natureza, a biodiversidade e seus respectivos limites
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A pesca, a natureza, a biodiversidade e seus respectivos limites

Escrever algumas palavras em uma publicação deste gênero é um exercício de fechar os olhos e pensar nos últimos 12 meses

21 de dezembro de 2023

Por Cadu Villaça, presidente do Conepe, para o #50 Anuário Seafood Brasil
 
Escrever algumas palavras em uma publicação deste gênero é um exercício de fechar os olhos e pensar nos últimos 12 meses. Nessa reflexão, vamos navegar na ordem crescente de latitude no ponto onde passa a “linha do Equador” em Tucumã - ao oeste de Belém e ainda no território paraense -, região essa regida por forças e dimensões extraordinárias da natureza, como toda a Bacia Amazônica. Lá, o Brasil decidiu estrategicamente represar os rios do local, criando grandes paredões e represando vastas áreas para acumular água e energia hídrica que serão transferidas às turbinas instaladas na base destes paredões, em alturas onde os rios originalmente corriam
 
No entanto, houve impactos no fluxo de nutrientes e de processos migratórios de recursos pesqueiros ou de suas bases tróficas (espécies que servem de alimento) nas parcelas da sociedade dependentes destes recursos. Portanto, além de romper migrações como, por exemplo, os de grandes bagres amazônicos como o filhote, a dourada e a piramutaba, estas alterações na dinâmica de drenagem da grande bacia mexem também nos regimes de sedimentação, transporte de nutrientes, transparência e luz, que por sua vez, afetam processos fotossintéticos ao longo do rio, das áreas inundadas e de todo espaço de influência. 
 
Voltando para a pesca e os pescados, há registros de produções destes bagres acima das 25 mil toneladas anuais. No entanto, o maior volume sempre foi a da piramutaba, que por sua vez, possui crescimento mais rápido, ciclos de vida mais curtos e é mais adaptada às variações no ecossistema - por isso que em um passado não muito distante, a piramutaba era produto de exportação, bastante buscado pelo mercado americano, onde era vendido como catfish. Entretanto, ao avaliarmos o tamanho médio de captura e os valores de venda, assim como a regularidade nesta cadeia de valor em termos de qualidade, retorno financeiro, cumprimento de compromissos, vê-se uma grande desorganização. 
 
Afinal, não é possível que continuemos trabalhando sem considerar a importância da manutenção de estoques pesqueiros para que eles tenham o máximo de rendimento econômico possível, justamente por isto ser resultado de valor e quantidade de venda. Para isso, temos que absorver um novo conceito: o de que na pesca extrativa, “mais vale um peixe na água, do que dois na mão”.  
 
Mas por que isso? Simples: porque este peixe vai crescer e se reproduzir em milhões, que por sua vez, vão crescer e se reproduzir permitindo a recuperação da biomassa que, como uma adequada componente reprodutiva (% do total em idade apta a reproduzir) e de manejo, permitirá maiores volumes submetidos à mortalidade por pesca. Ou seja, será possível realizar uma pesca sustentável e saudável que não impacte a estrutura populacional. 
 
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